sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - A - 2 (p. 57 a 61)

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Marx ocupa-se de demonstrar a expressão simples de valor na relação entre as mercadorias. Para isso, inicia, neste trecho, uma discussão sobre os papéis que duas mercadorias desempenham quando equiparadas (A = B): devido a uma relação de igualdade entre seus trabalhos, que se reduzem a um só graças a uma substância comum (dispêndio de trabalho humano), uma mercadoria (A), para revelar o trabalho humano que cria seu valor, aponta outra diferente (B) como seu equivalente. A mercadoria escolhida (B) possui valor equivalente ao valor de A; portanto, conta com igual trabalho. Para concretizar o valor de A diferentemente de sua própria forma objetiva, a mercadoria B assume sua expressão, torna-se a forma corpórea do valor de A. Enquanto isso, o valor da mercadoria A assume a forma relativa do valor, já que se vê de forma relativa, se enxerga em um equivalente, é expresso em relação a um bem equivalente (B).
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

A) Forma Simples, Singular ou Fortuita do Valor


1.
2. A Forma Relativa do Valor
3.
4.

a) O que significa

Para descobrir como a expressão simples do valor se esconde na relação de valor entre duas mercadorias, é necessário levar em conta que coisas diferentes se tornam quantitativamente comparáveis quando são reduzidas a uma mesma unidade.

Na relação de igualdade entre mercadorias diferentes - a relação de valor - 20 metros de linho = 1 casaco, por exemplo, implica-se que tais mercadorias sejam expressões de uma mesma coisa, para que a equiparação seja possível.

Quantitativamente, essas mercadorias desempenham papéis diferentes na relação de valor. 1) O casaco, como EQUIVALENTE ao que “o linho vale”, expressa o valor da primeira mercadoria, é a forma de existência, ou figura, desse valor.  2) Quanto ao linho, seu valor é revelado em relação a um bem, pois somente como valor a relação com outra mercadoria poderia acontecer. Assume a forma relativa do valor.

O trabalho humano cristalizado, incorporado num produto, é uma abstração. Não é possível “enxergar” o valor que tal trabalho gerou em um bem, apesar de se saber que ele existe. A relação de igualdade entre as mercadorias, todavia, revela a condição de valor de uma mercadoria em outro bem.

Na relação de valor, os trabalhos humanos inseridos nas mesmas igualam-se, focando o que há em comum (dispêndio de força de trabalho humana, o que gera valor), desprezando as qualidades particulares de cada trabalho (as atividades de um tecelão são diferentes da de um alfaiate – são trabalhos concretos diferentes). Assim, é na relação de valor que o caráter desse trabalho – o trabalho humano abstrato – é desvendado, pois ele reduz todos os diferentes trabalhos incorporados nas mais variadas mercadorias em uma substância comum.

Para expressar o valor de uma mercadoria como massa de trabalho humano, tal valor deve ser CONCRETIZADO, expresso por uma coisa diversa do próprio bem, mas que possui a substância comum a ele e a todas as outras mercadorias.

Na relação de valor 20 metros de linho = 1 casaco, a segunda mercadoria é uma coisa que manifesta, representa, por meio de sua forma material, o valor da primeira. Logo, já que é considerado aqui como objeto físico, o casaco é um mero valor-de-uso que deposita ou manifesta valor na relação em questão.

Sabe-se que, para produzir casaco, força humana de trabalho foi gasta, acumulada no próprio bem. Por isso, o casaco é “portador de valor” e se mostra, na expressão de igualdade entre as mercadorias em questão, como corpo de valor do linho, que o reconheceu como representante de seu valor.

Como valor-de-uso, o linho revela-se diferente do casaco. Como valor, é igual ao casaco. Assim, na relação de igualdade, o linho recebe uma forma diferente de valor da forma natural que possui.   

Para revelar que o trabalho humano cria seu valor, o linho diz que o casaco, ao ser seu equivalente, possui valor, e que, portanto, conta com o mesmo trabalho do linho. Para expressar que sua materialização de valor é diferente de sua própria forma física, o linho apresenta o casaco como sua forma de valor.

Assim, a relação de igualdade entre mercadorias diferentes (A = B) torna a forma natural ou corpórea de B (valor-de-uso) na forma do valor de A, a manifestação do valor de A, a materialização de trabalho humano. O valor da mercadoria A assume a forma relativa do valor, que já o mesmo está sendo expresso em relação a uma outra mercadoria, B.

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