sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 2 (p. 50 a 54)

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Marx finaliza a abordagem do Duplo Caráter do Trabalho Materializado na Mercadoria mostrando  que toda forma de trabalho, por mais complexa que seja, reduz -se ao trabalho humano simples, medido pelo tempo. Para determinados estágios de civilização, existirá um Trabalho Simples Médio. Fechando o trecho em questão, Marx ratifica o duplo caráter do trabalho relacionando o dispêndio de trabalho humano, no sentido concreto, com a geração de valores-de-uso; e, no sentido fisiológico, com a criação de valor. 
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2. O DUPLO CARÁTER DO TRABALHO MATERIALIZADO NA MERCADORIA

Como valores, bens diferentes são coisas de igual substância, expressões objetivas de trabalho de natureza idêntica, apesar de produtos diferentes requererem trabalhos qualitativamente diferentes.

Pondo-se de lado o caráter peculiar das atividades produtivas, resta à mercadoria o dispêndio de força humana. Assim, o ofício de um tecelão e de um alfaiate, por exemplo, são apenas duas formas de se despender força de trabalho humana. Para que essas formas sejam ampliadas e diversificadas, é necessário que a própria força humana se desenvolva.

Conforme determinado estágio de civilização, acha-se um TRABALHO SIMPLES MÉDIO, o dispêndio de força de trabalho que, em média, todo homem comum possui em seu organismo. O trabalho humano se mantém fundamentalmente, porém, como dispêndio de trabalho simples, e constantemente se reduz quantitativamente a isso, por mais complexo que seja. Nesse sentido, um trabalho mais complexo vale como trabalho simples multiplicado, ou seja, dada quantidade de trabalho complexo corresponde a uma maior quantidade de trabalho simples. Essa definição é determinada por um processo social.

As mercadoria apresentam determinada grandeza, que mensura suas diferenças materiais de forma quantitativa. A diferença de valores nas mercadorias se dá quando está contida numa mercadoria uma quantidade maior ou menor de trabalho contido em uma outra mercadoria. Ou seja, para produzir um bem A, foi despendida força de trabalho por mais ou menos tempo que na produção de um bem B.     

Logo, o trabalho contido na mercadoria, para a grandeza do valor, só interessa quantitativamente e depois de ser convertido em trabalho humano, puro e simples.    

Assim, a magnitude do valor de uma mercadoria eleva-se conforme sua quantidade, descoberta através da duração de tempo do trabalho (1 casaco = X dias de trabalho;  2 casacos = 2X dias de trabalho).

É possível que um acréscimo da massa de riqueza material corresponda, simultaneamente, a uma queda no seu valor. Essa situação acontece devido à produtividade do trabalho. Apesar desta pertencer à forma útil de trabalho e definir a eficácia da atividade produtiva, evidencia-se a duração de tempo de trabalho necessária para produzir determinadas quantidades de valores-de-uso. Quanto maior a produtividade, maior será a quantidade de produtos em menor tempo; portanto, será o valor que cada mercadoria absorveu, já que a mesma duração de tempo de força humana empregada neste momento gerou mais produtos que num cenário anterior. E vice-versa.

O trabalho é dispêndio de força humana de trabalho. No sentido fisiológico, cria o valor das mercadorias. Em um sentido particular, realizado com uma finalidade específica, útil, tal dispêndio produz valores-de-uso.    

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