segunda-feira, 30 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 4 (p. 79 e 93)

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Finalizando o capitulo 1, Marx explica o que chama de "fetichismo da mercadoria": quando as relações sociais, então estabelecidas pelos homens, são mediadas por coisas, produtos de trabalho humano que parecem ter vida própria, características sociais próprias delas mesmas. Faz-se necessário para os capitalistas julgar natural o caráter dessa forma, o que intensifica a dominação exercida pelo processo de produção sobre os homens.
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4. O FETICHISMO DA MERCADORIA: SEU SEGREDO

À primeira vista, a mercadoria parece uma coisa simples, evidente. Analisando-a, vemos complicações e sutilezas.

Como valor de uso, não há nada de misterioso nas mercadorias. Elas satisfazem necessidades humanas pelas suas propriedades - produto do trabalho humano. 

O caráter enigmático do produto de trabalho, quando este se assume uma mercadoria, advém da própria forma mercadoria.

A mercadoria reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como características objetivas PRÓPRIAS DOS PRODUTOS DE TRABALHO, como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por isso, também reflete a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente FORA deles, entre objetos.

A forma mercadoria e a relação de valor dos produtos de trabalho, na qual ele – o valor – se representa, não têm mais nada a ver com sua natureza física e com as relações materiais. Agora, essa relação social, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Os produtos resultantes de dispêndio de trabalho humano parecem ter vida própria, mantendo relações entre si e com os homens. Isto é o fetichismo, proveniente do caráter social próprio do trabalho que produz mercadorias.

A cisão do produto de trabalho em coisa útil e coisa de valor atua apenas na prática, em um momento onde haja extensão e importância suficientes para que se produzam coisas úteis para serem trocadas, fruto do processo de desenvolvimento das relações capitalistas de produção.

Antes mesmo que os homens tomarem conta do caráter histórico das formas que certificam os produtos do trabalho como mercadorias, estas já possuíam a estabilidade de formas naturais da vida social, já se mostravam “imutáveis”. Logo, somente a análise dos preços – a expressão monetária das mercadorias - levou à determinação e fixação da grandeza do valor. Essa forma acabada — a forma dinheiro — do mundo das mercadorias esconde o caráter social dos trabalhos privados (particulares, específicos) e, portanto, as relações sociais entre os produtores privados.

A Economia Política analisou o valor e sua grandeza e o conteúdo oculto nessas formas. Nunca chegou, no entanto, a se perguntar por que esse conteúdo assume aquela forma, por que o trabalho se representa pelo valor do produto do trabalho e pela duração do tempo de trabalho - pela grandeza desse valor. Essas formas estão atreladas às condições para a reprodução do processo de produção capitalista, um processo de produção que domina os homens.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - D (p. 78 e 79)

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Neste item, Marx percebe a mercadoria que assume, na atualidade, a Forma Geral do Valor. Quando uma única mercadoria conquista o monopólio da posição de expressão do valor do mundo das mercadorias, por meio do hábito social, significa, então, que a forma de valor geral (forma C) progrediu para a Forma Dinheiro.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

D) Forma Dinheiro do Valor

A forma C (geral) não difere em nada da forma D (forma dinheiro), a não ser que agora, em vez do linho (exemplo utilizado ao longo do estudo para ilustrar que qualquer coisa poderia assumir o papel de euivalente geral), possui o ouro (R$, US$ etc.) como a forma de equivalente geral.

O desenvolvimento da forma C para a D deu-se através do fato de que a forma de permutabilidade direta universal se fundiu definitivamente, por meio do hábito social, com a forma natural da mercadoria ouro (R$, US$ etc.). Tal mercadoria conquistou o monopólio dessa posição de expressão do valor do mundo das mercadorias.
                                                            
A expressão relativa simples de valor de uma mercadoria (arroz) em outra que já funciona como mercadoria dinheiro (R$) é a FORMA PREÇO. A “forma preço” do arroz é, portanto: 1 quilo de arroz = R$2,00.


Cap I - A Mercadoria / Item 3 - C - 2 e 3 (p. 76 e 78)

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Ao explicar o desenvolvimento da forma relativa do valor e da forma equivalente, Marx associa a forma equivalente à expressão e ao resultado das formas simples, extensiva e geral do valor relativo. Percebendo que, quando o equivalente geral, na forma geral do valor, se limita definitivamente a uma mercadoria única, exclusiva, que conquista uma consistência objetiva e reconhecimento social universal, chega-se à mercadoria dinheiro.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

C) A Forma Geral do Valor


1.  
2. O desenvolvimento mútuo da forma relativa do valor e da forma equivalente
3. 

O desenvolvimento da forma equivalente dá-se conforme o grau de progresso da forma relativa do valor.
 
i) A forma relativa simples torna uma mercadoria uma equivalente singular ou individual.
ii) A forma extensiva do valor exprime em todas as outras mercadorias a forma de equivalentes particulares de diferentes espécies.
iii) Finalmente, uma espécie particular de mercadoria recebe a forma geral de equivalente, devido ao fato de que todas as outras mercadorias fazem dela o material da forma unitária e geral do valor.

A oposição entre os pólos da expressão de valor desenvolve-se também conforme progride a forma valor.
i) Na forma simples, há oposição, mas é possível percebê-la da direita para esquerda e da esquerda para a direita. Portanto, ela é não fixa - as mercadorias ora se põem como relativas, ora se colocam como equivalentes.
ii) Na forma extensiva, uma mercadoria de cada vez pode desdobrar ou estender totalmente sua forma de valor, não sendo mais possível invertê-la sem mudar seu caráter.
iii) A forma geral dá ao mundo das mercadorias a forma relativa geral e social do valor, onde todas as mercadorias são excluídas, com uma exceção (única), da forma equivalente geral, assumindo a forma de permutabilidade direta com todas as mercadorias. Aí, mercadoria escolhida para ser equivalente geral passa a se converter em si mesma (linho = linho), já que ela está excluída da forma relativa do valor.


1.
2.
3. Transição da forma geral do valor para a forma dinheiro

A forma equivalente geral pode ser recebida por qualquer mercadoria, pois tal forma é valor em si. Encontra-se nessa posição na medida em que é excluída por todas as demais mercadorias e vista por elas como equivalente. Quando essa exclusão se limita definitivamente a uma determinada mercadoria, a forma unitária do valor do mundo das mercadorias ADQUIRE CONSISTÊNCIA OBJETIVA E VALIDADE SOCIAL GERAL.

Fundida socialmente, a forma equivalente, identificada numa forma material, torna-se mercadoria “dinheiro”, funciona como dinheiro. Uma mercadoria conquista, historicamente, essa posição privilegiada entre os  bens que são se veem como equivalentes singulares (na forma B - extensiva), e que expressam numa mercadoria qualquer - no linho, por exemplo - seu valor relativo (na forma C - geral).

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - C - 1 (p. 73 e 76)

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O caráter do valor, na forma geral do valor, assume um papel social no mundo das mercadorias. Em vez de assumir um papel particular, limitado às mercadorias envolvidas numa expressão de valor, uma mercadoria que serve de equivalente (o linho, por exemplo) dialoga, agora, com todas as mercadorias e faz com que as que surjam também se equiparem ao linho, a mercadoria escolhida. Assim, a figura do linho se torna a expressão de valor comum e a encarnação de todo o trabalho humano.  
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

C) A Forma Geral do Valor

1. Mudança do caráter da forma do valor
2.
3. 


As mercadorias expressam seus valores 1) DE MODO SIMPLES, numa única mercadoria, e 2) DE MODO IGUAL, porque essa única mercadoria é mesma para todos. Sua forma valor é simples e comum a todas, portanto, geral.

Diferente das formas A (simples) e B (extensiva), a forma obtida por último expressa os valores do mundo das mercadorias em uma única e mesma espécie de mercadoria (linho, por exemplo), isolada das outras, distinguindo-se de qualquer valor de uso e, por isso, expressando-se da mesma forma em todas as mercadorias.

As duas formas anteriores expressam o valor de cada mercadoria de forma particular, sem que as outras mercadorias participem. A forma geral do valor é a primeira a relacionar realmente as mercadorias entre si COMO VALORES, revelando-as como valores de troca.
                                            
Enquanto nas outras formas de valor o papel do equivalente é passivo no confronto entre mercadorias, na forma geral é uma obra do mundo das mercadorias. Simultaneamente, todas as mercadorias expressam seu valor no mesmo equivalente (no nosso caso, o linho), e cada nova espécie de mercadoria que aparece tem de fazer o mesmo, evidenciando uma forma socialmente válida para a relação entre as mercadorias.


Igualadas ao linho, todas as mercadorias aparecem qualitativamente iguais, como valores, e quantitativamente comparáveis, como magnitudes de valor, refletindo-se mutuamente.

A forma geral do valor relativo do mundo das mercadorias imprime à mercadoria equivalente eleita (ao linho) o caráter de equivalente geral. Sua própria forma natural se transforma na figura comum do valor, a encarnação visível de todo trabalho humano. É a expressão social das mercadorias.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - B - 3 (p. 72 e 73)

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Concluindo suas considerações sobre a forma extensiva do valor, Marx levanta pontos falhos de tal forma para uma relação de troca mais completa, ressaltando que a série de representações da forma extensiva é infinita e desconexa. Assim, indica o que pode tornar a relação mais completa: a escolha de uma forma única de expressão do valor.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

B) Forma Total ou Extensiva do Valor

1.
2.  
3. Os Defeitos da Forma Total ou Extensiva do Valor

A expressão relativa de valor conta com uma série interminável de representações. A cada nova mercadoria, a equiparação do valor se estende. Por isso não terminar nunca, ela fica incompleta.

As expressões de valores que surgem são desconexas e diferenciadas. A fim de ilustrar: nas relações de valor “x de A = y de B” e “x de A= z de C”, não há nada conectando as mercadorias B e C.

Assim, os defeitos da forma extensiva relativa de valor se refletem nas formas equivalentes correspondentes. A forma natural de cada tipo de mercadoria é uma forma equivalente particular ao lado de inúmeras outras, que se excluem, e, por isso, são limitadas. A mesma lógica acontece quando consideramos o trabalho útil.

Para chegar a uma forma de valor completa, é necessário encontrar uma forma que representa todas as mercadorias, achar uma forma de manifestar todos os trabalhos úteis específicos. Logo, busca-se por uma forma única de expressão do valor.     

Para isso, inverte-se a relação de valor. A expressão
 que fica agora dessa forma:

Temos, portanto, uma nova relação, que caracteriza a Forma Geral do Valor.

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - B - 1 e 2 (p. 71 e 72)

Ao discutir a forma total ou extensiva do valor, Marx revela que a forma relativa do valor agora dialoga, de forma particular, com todas as mercadorias, evidenciando que tal relação comprova que a magnitude do valor é que regula as relações de troca, afastando a ideia equivocada de que tais relações acontecem por acaso.  

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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

B) Forma Total ou Extensiva do Valor

1. Forma Extensiva do Valor Relativo
2. A Forma de Equivalente Particular
3.


Tratemos da seguinte relação de valor:
x da mercadoria A = y da mercadoria B, ou z da mercadoria C, ou u da mercadoria D, ou etc.


1. Forma Extensiva do Valor Relativo

O valor de uma mercadoria A está, agora, expresso em outros produtos. Assim, o corpo de qualquer outra mercadoria diferente de A pode refletir ou manifestar  seu valor; o trabalho que o cria também se revela o mesmo ao de qualquer outra mercadoria.

Na nova relação de valor, permanece o valor do bem A, mas agora ele pode corporificado em qualquer outro produto, não importa qual seja ele. Diferente da forma simples, onde a possibilidade da permuta parecia casual, a forma extensiva revela que existe algo que regula as relações de troca: a magnitude do valor.



2. A Forma de Equivalente Particular

A forma natural das expressões de valor de um bem A (de acordo com a relação de valor exposto ao início do resumo) é uma forma equivalente PARTICULAR junto a outras muitas. Da mesma forma, o trabalho útil inserido nos produtos equivalentes também se manifesta de forma particular. 

Por exemplo, para representar o valor de 01 micro-ondas, poderíamos usar 01 aparelho de DVD, sendo esta uma forma particular de manifestar o valor do micro-ondas. Para expressar o valor desse mesmo produto de outro jeito, poderíamos equipará-lo a  01 TV de 21 polegadas, o que representa uma outra forma particular de manifestar o valor do do micro-ondas.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - A - 4 (p. 68 a 70)

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Marx conclui sua abordagem sobre a forma simples do valor ressaltando a conclusão tirada dela: a expressão do valor (papel que, atualmente, desempenha o dinheiro) se dá pelo valor das mercadorias; nunca o valor ou sua grandeza se originam da expressão de valor. Por fim, introduz características de uma forma mais complexa de valor, levando em conta a corporificação da forma relativa do valor em todos os produtos do mundo das mercadorias.
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 3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

 A) Forma Simples, Singular ou Fortuita do Valor
1.
2.
3.
4. A Forma Simples do Valor, Em Seu Conjunto

A forma simples do valor se contém em sua relação de valor com outra mercadoria diferente.

A mercadoria é valor-de-uso e valor. Ela se assume apenas fora dela mesma, ao manifestar-se como valor-de-troca. A mercadoria nunca possui essa forma (valor-de-troca) isoladamente, apenas na relação de valor.

Demonstrou-se: a expressão do valor decorre da natureza do valor das mercadorias. Valor e sua magnitude não se originam da expressão do valor (da forma equivalente ou, atualmente, do dinheiro).

A forma simples do valor é a forma elementar de manifestar a oposição nela existente (valor-de-uso X valor).

Apenas em determinado momento da história que a sociedade passou a transformar valores-de-uso em mercadorias. Assim, a forma simples de valor da mercadoria é também a forma-mercadoria elementar do produto do trabalho (valor-de-uso).

A forma simples converte-se em uma forma mais completa. Uma mercadoria A expressa seu valor numa mercadoria diferente, qualquer que seja ela (arroz, casaco etc.). Na medida em que uma mercadoria A vai estabelecendo relações de valor com outras mercadorias, vai também adquirindo novas expressões de valor.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - A - 3 (p. 63 a 68)

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Marx, ao se deter à forma de equivalente (mercadoria B) na expressão do valor (A = B), pontua três propriedades de tal forma: 1) apesar de ser valor-de-uso, é expressão de seu contrário: do valor; 2) apesar de ser fruto de trabalho concreto, é manifestação de seu contrário, do trabalho abstrato; por fim, 3) apesar de ser trabalho privado, é expressão de seu contrário, do trabalho em forma diretamente social. Ao término da abordagem, Marx comenta como o filósofo Aristóteles aproximou-se de sua conclusão à respeito das trocas.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

A) Forma Simples, Singular ou Fortuita do Valor

1.
2.
3. A Forma de Equivalente
4.

Quando equiparadas duas mercadorias (A = B), o valor da mercadoria A se expressa no valor-de-uso da mercadoria B, que se imprime como a forma equivalente por ser diretamente permutável por A.

Na relação de valor, a mercadoria B, assumindo a forma equivalente, não ocupa uma posição quantitativa de valor, pois o valor que interessa na expressão é o de A. Assim, a mercadoria B passa a ser expressão quantitativa de uma coisa.

A forma equivalente tem TRÊS peculiaridades ou propriedades.

1) Ao desempenhar um papel equivalente numa expressão de valor, a mercadoria B é vista como coisa ou objeto que manifesta o valor de A. Logo, a forma natural de uma mercadoria, B, um valor-de-uso, é uma expressão ou manifestação do seu contrário, ou seja, do valor. Exemplo da “balança”: para se saber o peso (“valor”) de determinado corpo, usam-se pedaços de ferro (objetos) com pesos previamente fixados.

2) O corpo de um bem que serve de equivalente numa expressão do valor (B) é um produto determinado por um trabalho útil, específico, particular. Este trabalho se torna expressão do trabalho da mercadoria que o bem B concretiza (A), que é trabalho abstrato, gera valor. Portanto, numa relação de equiparação entre mercadorias, o trabalho humano concreto é expressão ou manifestação do seu contrário, ou seja, do trabalho humano abstrato.

3) O trabalho concreto que funciona como expressão de trabalho humano abstrato passa a se identificar com o trabalho incorporado da mercadoria do lado relativo (A). Essa identificação faz com que esse trabalho, mesmo que seja privado (que produz mercadorias, exercido “independentemente” de outros), seja trabalho em forma diretamente social (trabalho direcionado às necessidades da sociedade).  Portanto, numa relação de equiparação entre mercadorias, o trabalho privado é expressão ou manifestação do seu contrário, ou seja, do trabalho em forma diretamente social.

Aristóteles fez análise semelhante sobre as trocas. O filósofo ratificou a visão da forma simples do valor e concluiu que, para a realização de trocas entre mercadorias diferentes, seria necessária a igualdade entre elas. Aristóteles, no entanto, não chega ao que pode igualar mercadorias diferentes. Como vimos, o trabalho humano cumpre esse papel.    

domingo, 1 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - A - 2 (p. 61 a 63)

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Neste item, Marx, ao tratar da determinação quantidade da forma relativa do valor, busca mostrar que variações nas quantidades de tempo de trabalho necessário para produção, que quantifica o valor das mercadorias, podem influenciar nas expressões de valor, mesmo em situações em que mudanças nas grandezas de valor e nas expressões de valor não coincidam.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

A) Forma Simples, Singular ou Fortuita do Valor

1.
2. A Forma Relativa do Valor
3.
4.

b) Determinação Quantitativa da Forma Relativa do Valor

Toda mercadoria é uma coisa em dada quantidade (quilos, metros). Essa quantidade contém certa quantidade de trabalho humano. A forma do valor expressa o valor 1) em geral e 2) de forma quantitativa – a grandeza ou magnitude do valor.

A equação “20 metros de linho = 1 casaco” pressupõe que há substância de valor em iguais quantidades nas mercadorias, correspondentes a igual tempo de trabalho. Em geral, o tempo de trabalho necessário  (TTN) para qualquer produção, no entanto, não permanece o mesmo devido a variações que podem ocorrer na produtividade.

Para ilustrar tais variações, temos “mercadoria A = mercadoria B”, equação posta nas condições feitas no parágrafo anterior. Observemos as variações do ponto de vista de A, a forma relativa do valor.

Considerando o TTN para produção de B constante (portanto, seu valor também constante), se o TTN à produção de A aumentar o dobro, seu valor também vai duplicar. Assim, a equação muda para A = 2B, pois, em relação ao bem B, que continua valendo X, a mercadoria A agora tem mais valor, 2X.

Se o TTN à produção de A diminuir pela metade, o valor de A também cairá de forma proporcional e a equação passa a ser A = 1/2B, pois, em relação ao bem B, que continua valendo X, a mercadoria A agora tem menor valor, 1/2X.

Assim, o valor relativo de A, isto é, o valor expresso em B, sobe ou cai diretamente com o valor do bem A, desde que permaneça constante o valor de B. 

No caso de o valor de B mudar e o da mercadoria A permanecer constante, seguindo a dinâmica exposta há pouco,  as equações mudam para 1) A = 1/2B, quando o TTN para produção de B sobe; e 2) A = 2B, quando o mesmo cai.

Logo, o valor relativo, expresso na mercadoria B, muda em relação inversa à mudança de valor de B, quando o valor A é constante.

Ressalta-se que as mudanças nas quantidades de trabalho podem ocorrer de forma simultânea.

Com alterações na mesma direção e proporção, a equação A = B permaneceria a mesma, com valores relativos imutáveis. A mudança em seus valores só seria percebida, portanto, se comparadas a uma terceira mercadoria, cujo valor se manteve constante.

Se ocorresse de todas as mercadorias sofrerem variações nas mesmas direções e proporções, todas as equações de valor permaneceriam as mesmas, mas, vale evidenciar, a magnitude do valor, o tempo de trabalho necessário para produção, mudaria: produz-se, em geral, mais mercadorias em menos tempo depois das variações.

Também simutaneamente, as alterações de quantidade de trabalho podem ainda ocorrer em direções contrárias – tempo de trabalho de A aumentar e o de B diminuir – ou mesmo em diferentes proporções ou níveis – tempos de trabalho para produção de A e B caírem, respectivamente, 1/3 e pela metade, por exemplo.

Pode-se perceber, em observâncias aos cenários descritos, que as mudanças reais na magnitude do valor não se refletem nem clara nem completamente através de sua expressão (A = B). O valor relativo de uma mercadoria pode variar mesmo que se mantenha constante; e pode se manter constante mesmo se varie. Finalmente, as variações não precisam coincidir na expressão de valor e nem na magnitude de valor.