segunda-feira, 2 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - A - 3 (p. 63 a 68)

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Marx, ao se deter à forma de equivalente (mercadoria B) na expressão do valor (A = B), pontua três propriedades de tal forma: 1) apesar de ser valor-de-uso, é expressão de seu contrário: do valor; 2) apesar de ser fruto de trabalho concreto, é manifestação de seu contrário, do trabalho abstrato; por fim, 3) apesar de ser trabalho privado, é expressão de seu contrário, do trabalho em forma diretamente social. Ao término da abordagem, Marx comenta como o filósofo Aristóteles aproximou-se de sua conclusão à respeito das trocas.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

A) Forma Simples, Singular ou Fortuita do Valor

1.
2.
3. A Forma de Equivalente
4.

Quando equiparadas duas mercadorias (A = B), o valor da mercadoria A se expressa no valor-de-uso da mercadoria B, que se imprime como a forma equivalente por ser diretamente permutável por A.

Na relação de valor, a mercadoria B, assumindo a forma equivalente, não ocupa uma posição quantitativa de valor, pois o valor que interessa na expressão é o de A. Assim, a mercadoria B passa a ser expressão quantitativa de uma coisa.

A forma equivalente tem TRÊS peculiaridades ou propriedades.

1) Ao desempenhar um papel equivalente numa expressão de valor, a mercadoria B é vista como coisa ou objeto que manifesta o valor de A. Logo, a forma natural de uma mercadoria, B, um valor-de-uso, é uma expressão ou manifestação do seu contrário, ou seja, do valor. Exemplo da “balança”: para se saber o peso (“valor”) de determinado corpo, usam-se pedaços de ferro (objetos) com pesos previamente fixados.

2) O corpo de um bem que serve de equivalente numa expressão do valor (B) é um produto determinado por um trabalho útil, específico, particular. Este trabalho se torna expressão do trabalho da mercadoria que o bem B concretiza (A), que é trabalho abstrato, gera valor. Portanto, numa relação de equiparação entre mercadorias, o trabalho humano concreto é expressão ou manifestação do seu contrário, ou seja, do trabalho humano abstrato.

3) O trabalho concreto que funciona como expressão de trabalho humano abstrato passa a se identificar com o trabalho incorporado da mercadoria do lado relativo (A). Essa identificação faz com que esse trabalho, mesmo que seja privado (que produz mercadorias, exercido “independentemente” de outros), seja trabalho em forma diretamente social (trabalho direcionado às necessidades da sociedade).  Portanto, numa relação de equiparação entre mercadorias, o trabalho privado é expressão ou manifestação do seu contrário, ou seja, do trabalho em forma diretamente social.

Aristóteles fez análise semelhante sobre as trocas. O filósofo ratificou a visão da forma simples do valor e concluiu que, para a realização de trocas entre mercadorias diferentes, seria necessária a igualdade entre elas. Aristóteles, no entanto, não chega ao que pode igualar mercadorias diferentes. Como vimos, o trabalho humano cumpre esse papel.    

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