domingo, 1 de maio de 2011

Cap I - A Mercadoria / Item 3 - A - 2 (p. 61 a 63)

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Neste item, Marx, ao tratar da determinação quantidade da forma relativa do valor, busca mostrar que variações nas quantidades de tempo de trabalho necessário para produção, que quantifica o valor das mercadorias, podem influenciar nas expressões de valor, mesmo em situações em que mudanças nas grandezas de valor e nas expressões de valor não coincidam.
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3. A FORMA DO VALOR OU O VALOR-DE-TROCA

A) Forma Simples, Singular ou Fortuita do Valor

1.
2. A Forma Relativa do Valor
3.
4.

b) Determinação Quantitativa da Forma Relativa do Valor

Toda mercadoria é uma coisa em dada quantidade (quilos, metros). Essa quantidade contém certa quantidade de trabalho humano. A forma do valor expressa o valor 1) em geral e 2) de forma quantitativa – a grandeza ou magnitude do valor.

A equação “20 metros de linho = 1 casaco” pressupõe que há substância de valor em iguais quantidades nas mercadorias, correspondentes a igual tempo de trabalho. Em geral, o tempo de trabalho necessário  (TTN) para qualquer produção, no entanto, não permanece o mesmo devido a variações que podem ocorrer na produtividade.

Para ilustrar tais variações, temos “mercadoria A = mercadoria B”, equação posta nas condições feitas no parágrafo anterior. Observemos as variações do ponto de vista de A, a forma relativa do valor.

Considerando o TTN para produção de B constante (portanto, seu valor também constante), se o TTN à produção de A aumentar o dobro, seu valor também vai duplicar. Assim, a equação muda para A = 2B, pois, em relação ao bem B, que continua valendo X, a mercadoria A agora tem mais valor, 2X.

Se o TTN à produção de A diminuir pela metade, o valor de A também cairá de forma proporcional e a equação passa a ser A = 1/2B, pois, em relação ao bem B, que continua valendo X, a mercadoria A agora tem menor valor, 1/2X.

Assim, o valor relativo de A, isto é, o valor expresso em B, sobe ou cai diretamente com o valor do bem A, desde que permaneça constante o valor de B. 

No caso de o valor de B mudar e o da mercadoria A permanecer constante, seguindo a dinâmica exposta há pouco,  as equações mudam para 1) A = 1/2B, quando o TTN para produção de B sobe; e 2) A = 2B, quando o mesmo cai.

Logo, o valor relativo, expresso na mercadoria B, muda em relação inversa à mudança de valor de B, quando o valor A é constante.

Ressalta-se que as mudanças nas quantidades de trabalho podem ocorrer de forma simultânea.

Com alterações na mesma direção e proporção, a equação A = B permaneceria a mesma, com valores relativos imutáveis. A mudança em seus valores só seria percebida, portanto, se comparadas a uma terceira mercadoria, cujo valor se manteve constante.

Se ocorresse de todas as mercadorias sofrerem variações nas mesmas direções e proporções, todas as equações de valor permaneceriam as mesmas, mas, vale evidenciar, a magnitude do valor, o tempo de trabalho necessário para produção, mudaria: produz-se, em geral, mais mercadorias em menos tempo depois das variações.

Também simutaneamente, as alterações de quantidade de trabalho podem ainda ocorrer em direções contrárias – tempo de trabalho de A aumentar e o de B diminuir – ou mesmo em diferentes proporções ou níveis – tempos de trabalho para produção de A e B caírem, respectivamente, 1/3 e pela metade, por exemplo.

Pode-se perceber, em observâncias aos cenários descritos, que as mudanças reais na magnitude do valor não se refletem nem clara nem completamente através de sua expressão (A = B). O valor relativo de uma mercadoria pode variar mesmo que se mantenha constante; e pode se manter constante mesmo se varie. Finalmente, as variações não precisam coincidir na expressão de valor e nem na magnitude de valor.

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