segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cap V - Processo de Trabalho e Processo de Produzir Mais Valia/ Item 1 (p. 201 a 210)

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Os elementos simples do processo de trabalho são a atividade orientada a um fim, (o trabalho), o(s) objeto(s) a ser(em) transformado(s) e os meios para isso. Marx expõe a particularidade da força de trabalho nesse processo. Considerada uma mercadoria no capitalismo, a força de trabalho é valor-de-uso que produz valor, sendo única devido a isso. No consumo dessa mercadoria, o trabalhador é controlado pelo proprietário de sua força de trabalho - o capitalista - no sentido de consumir objeto e meios de produção conforme gere valor, sem desperdício. O produto final é propriedade do capitalista. O processo de trabalho é um processo entre coisas que o capitalista comprou, entre suas propriedades.
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1. O PROCESSO DE TRABALHO OU O PROCESSO DE PRODUZIR VALORES DE USO
 
A utilização da força de trabalho é o próprio trabalho.

A representação da realização do trabalho em mercadorias é dada em/por valores de uso, em coisas que sirvam para satisfazer necessidades. Assim, a força de trabalho é valor de uso particular.
O trabalho é, antes de tudo, um processo entre o homem e a Natureza. Aquele põe em movimento as forças naturais de seu corpo, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Para isso, desenvolve as potências então adormecidas.
Os elementos simples do processo de trabalho são a atividade orientada a um fim (o próprio trabalho), seu objeto (por exemplo: matéria-prima) e seus meios (por exemplo: ferramentas, terra, energia).
O meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas que o trabalhador coloca entre si mesmo e o objeto de trabalho. Serve como meio de dirigir de sua atividade sobre tal objeto. O uso e a criação de meios de trabalho, embora existam em germe em certas espécies de animais, caracterizam o processo de trabalho especificamente humano. Analisando os meios de trabalho, é possível distinguir épocas econômicas, pois são medidores do grau de desenvolvimento da força de trabalho e indicadores das condições sociais nas quais se trabalha.
No processo de trabalho, a atividade do homem realiza, mediante o meio instrumental de trabalho, uma transformação do objeto de trabalho, pretendida desde o princípio, orientada a um fim, planejada. O processo extingue-se no produto, um valor-de-uso. O trabalho está incorporado ao objeto trabalhado.
O produto, ainda que assim seja num determinado processo de trabalho, pode servir de meio de produção para um outro processo. Logo, produtos são resultados e, ao mesmo tempo, condições do processo de trabalho.
Como cada coisa possui muitas propriedades e, por isso, é capaz de diversas aplicações úteis, o mesmo produto pode constituir a matéria-prima de processos de trabalho muito diferentes. Além disso, o mesmo produto pode no mesmo processo de trabalho servir de meio de trabalho e de matéria-prima.
O fato de um valor de uso aparecer como matéria-prima, meio de trabalho ou produto, depende totalmente de sua função no processo de trabalho e da posição que nele ocupa.
O trabalho vivo tem a característica de transformar produtos de trabalho acabados e em valores de uso como elementos que garantem a existência do processo de trabalho, dando “vida” ao mesmo. O contato do produto com trabalho vivo é o único meio de conservar e realizar esses produtos de trabalho finalizados como valores de uso.
O trabalho gasta seus elementos materiais, seu objeto e seu meio. Esse consumo produtivo diferencia-se do consumo individual . Enquanto neste último os produtos servem como meios de subsistência do indivíduo vivo, no primeiro, servem como meios de subsistência do trabalho.
Após ter comprado no mercado todos os fatores necessários a um processo de trabalho (meios de produção e força de trabalho), o aspirante a capitalista faz o portador da força de trabalho, o trabalhador, consumir os meios de produção mediante seu trabalho.
A natureza geral do processo do trabalho não se altera por executá-lo o trabalhador para o capitalista, em vez de para si mesmo. A transformação do modo de produção mediante a subordinação do trabalho ao capital só ocorre mais tarde.
O processo de trabalho, em realização (quando a força de trabalho é consumida pelo capitalista) apresenta dois fenômenos particulares.
1) O capitalista tem controle sobre as atividades do trabalhador. Assim, o primeiro não deixa que o trabalhador desperdice matéria-prima e faz com que o instrumento de trabalho só seja consumido – e, portanto, destruído – na medida em que seu uso no trabalho necessite.
2) O resultado do trabalho, o produto,  é propriedade do capitalista, e não do trabalhador, que o produziu. O capitalista paga, por exemplo, o valor de um dia da força de trabalho. Logo, o consumo da capacidade de trabalho, uma mercadoria aos olhos do capitalista, pertence-lhe durante o dia. Ele compra a força de trabalho, que se realiza em contato com os meios de produção, incorporando trabalho aos seus elementos mortos constitutivos do produto. Assim, o processo de trabalho é um processo entre coisas que o capitalista comprou, entre suas propriedades.

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